quarta-feira, 28 de julho de 2010

Instantes da Vida. - 1º Capitulo

Todas as tardes de domingo eram especiais para por em ação as brincadeiras de crianças.Depois do almoço,pecorria a mesma rua e me dirigia a chácara de minha madrinha Aurora.Lá ela estava esperando a mim e a minha amiga Aninha, filha da minha madrinha, o meu querido pé de ameixa,encostado ao muro,imponente,carregado de frutas, parecendo sorrir quando chegavamos.

Os momentos que passamos sob sua copa,folgando,são inesquecíveis.Um dos mais felizes das nossas vidas.

Existia muitas outras árvores na chácara, mais a ameixeira era nossa companheira, ouvia e olhava calada, tudo o que falávamos com nossas bonecas. Nos acolhia sob ela e oferecia os seus tenros frutos.

Não a consideravamos com um árvore. Era a senhora ameixeira. Vestida de verde estampado com frutos roxos, brilantes. Era uma amiga silenciosa, ouvinte, compreensiva que ficava balançando seus galhos como se falasse conosco.Uma amiga mais velha.

Foi ali, debaixo da ameixeira que aos dez anos de idade, programei o meu destino. Um certo dia, percebendo as limitações do meu futuro, comecei a entender que não se vivia a vida inteira de brincadeiras e do acolhimento familiar.

Durante uma tarde de domingo, sobre a sombra da senhora ameixeira,brincando com minha amiga Aninha,decidi e falei:quando eu terminar o ginásio, vou estudar em Salvador,fazer faculdade, morar em um pensionato (falando e visualizando)que terá uma escada de madeira bem grande. Quando você for me visitar, perguntará a dona do pensionato:- Regina está aí? Ela irá lhe responder, está, pode subir.

Sob a ameixeira, ao lado de minha amiga, segurando bonecas,aos dez anos,com a boca roxa de comer ameixas, tracei o meu destino. Fizemos uma promessa: seremos comadres quando casarmos e tivermos filhos. Aos dez anos, já enxergava a realidade da vida e a minha responsabilidade perante o meu futuro.

Exatamente como planejei, aconteceu. Aos dezoito anos, vim estudar em Salvador por minha conta. De início, fiquei em um pensionato de freiras na rua da Imperatriz, chamado Patronato S. José. Havia nele e ainda deve haver uma grande escada que dava acesso aos quartos.

Passei no vetibular de enfermagem e não pude mais continuar com as freiras. O que fazer para continuar estudando, pagando faculdade, me alimentando, transpote etc?

Procurei outro lugar para ficar. Fui morar em outro pensionato na rua Direita da Piedade, com direito somente ao café da manhã. O quarto que podia pagar, era no porão. Quando a dona varria a sala, o lixo caia pelas gretas do assoalho sobre a minha cama.

Nesta época, minha avó, Maria Pastor, mandava-me um pouco de dinheiro, o quanto era possível.

Foi um caminho muito difícil, um tempo crítico, muito difícil de manejar.

Andava a pé por não ter dinheiro para o transporte. Caminhva do Monte Serrat ao Convento da Lapa, onde assistia as aulas. Precisava de um emprego, ou trabalhava ou voltava para Itabuna. Este tempo não durou a vida inteira. Vamos ver o que aconteceu no próximo capitulo.

Regina Pastor

3 comentários :

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  2. Parabéns! a srª. regina Pastor está de parabéns e tem toda a minha admiração...
    e quero agredecer a senhora Regina por poder compartilhar sua historia de vida conosco, pois assim podemos nos espelhar em exemplos bons como ela!!!
    obrigada mais uma vez... agurdo ansiosa pelo próximo capitulo.
    Érica Rocha

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  3. Érica, obrigada. Em tudo na vida, em primeiro lugar, Jeová, e em segundo, a determinação de alcançar o horizonte mesmo sabendo que é impossível,mas, temos que seguir sempre mirando-o sem perde-lo de vista, pois, no meio do caminho poderemos encontar o que procuramos.Regina Pastor

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