sexta-feira, 19 de agosto de 2011

“Bebê opera pâncreas em São Paulo e Perde a Mão”

Conforme meu artigo alerta, publicado neste blog sob o titulo: “A responsabilidade do cuidar de uma vida” Citei os prováveis motivos que podem possibilitar as queimaduras em salas de cirurgias.

O Jornal Tribuna da Bahia, publicou hoje a reportagem “Bebê opera pâncreas em São Paulo e Perde a Mão” falando desse acontecimento, que não é o primeiro ocorrido dentro em uma sala de cirurgia, sobre uma mesa cirúrgica, principalmente com o paciente sedado ou em narcose.
Não há um culpado, todos são envolvidos nesta fatalidade muitas vezes ocorridas por um sistema cruel exacerbado pela falta de uma política para uso dos recurso para compras e manutenção dos equipamentos: Existe sim, a política do menor preço. Comprar o mais barato e não o melhor e que atende as especificações de durabilidade e segurança.
Perguntamo-nos se nestes hospitais, existe a responsabilidade técnica da engenharia  clinica? - um engenheiro que é responsável pele segurança e manutenção dos equipamentos hospitalares? Aquele que antes de adquirir qualquer equipamento elétrico ou eletrônico procura saber a qualidade, segurança, durabilidade, e se há no país ou no estado peças para reposições e assistência técnica? Aquele que possui no seu setor o Manual de Procedimentos Operacionais (POP), para os diversos tipos de equipamentos, manutenções e uso? - Acredito que não, pois, já trabalhei em hospitais que nem, contrato de manutenção com firmas especializadas tinham. Quebrou?- Chama “o faz tudo” da manutenção ele dará um jeito. Minhas reinvindicações e indisposições com “Chefes de manutenções” eram homéricas, pois antes de colocar o equipamento para uso, testava ao receber e antes de instalar no paciente, quando  não condizia com a capacidade total de segurança, era devolvido acompanhado através de uma “ comunicação interna “definindo os motivos em letras garrafais, registrada sob protocolo. Inúmeras vezes fui chamada pelos administradores que me inquiriam : “pra, que isto? É só devolver...”
No artigo anterior publicado por mim neste blog foi citado....
...”Por exemplo, na sala de procedimentos cirúrgicos, com o paciente sob anestesia geral, o uso do cautério deve ser rigorosamente monitorado principalmente quando a placa neutra for externa.”.  Devemos solicitar e encaminhar ou se recusar a usar equipamentos com funcionamento ineficiente, que possam pôr em risco a segurança do paciente. Não deveremos aceitar “jeitinhos” para não compactuarmos com injustiças e erros ou práticas inadequadas. 
Somos responsáveis em mantê-los dentro dos padrões recomendado pelo protocolo operacional padronizado. Os setores da enfermagem devem ter o seu POP e o serviço de Engenharia Clinica e manutenção do hospital também, para prevenções, consertos, descartes e entregas de todo equipamento hospitalar. Cabe a enfermagem saber como cada equipamento funciona e usa-los criteriosamente. São nossos instrumentos de trabalho e devem ser muito bem conservados e mantidos sempre aptos para uso. Usá-lo somente na certeza da sua disponibilidade eficaz, garantido pela engenharia clínica do hospital ou serviço de manutenção.
Bisturis elétricos ao longo do tempo têm causado graves queimaduras durante o ato operatório. Durante algum procedimento, se a placa neutra for externa, pode se desconectar nas partes proximais e distais do equipamento. A falta segura desta adaptação permite que a energia elétrica passe para o corpo do paciente causando graves lesões, queimaduras de até terceiro grau.
Então devemos estar sempre alertas para identificar a possibilidade de acontecer a ineficácia ou desprendimento da conexão desta placa.
Não só a enfermagem, mais toda a equipe é responsável pela segurança do paciente. A enfermagem com a grande parte que lhe compete.
Falhas administrativas, logísticas, de fornecedores, do sistema público na política do menor preço, nas demoras das licitações, o déficit dos recursos humanos, versos quantidades de pacientes, o estar sempre em vigília por vinte e quatro, trinta e seis, ou quarenta e duas horas, demanda um grande cansaço físico e mental e déficit na atenção.
As péssimas condições de trabalho, muitas vezes sem um mínimo de dignidade, com a falta de um armário, para guardar nossos pertences...
Tudo isto, tem servido de pedra de tropeço para que alguns profissionais, cansados, que no limite das suas capacidades físicas e mentais, cometem graves erros e falhas pondo em riscos vidas e seja exposta a execração popular. 
Fiquemos em alerta para que não sejamos induzidas ao erro, pois quem cuida ama. É isto que fazemos cuidamos de vidas. E toda vida é um dom de Deus. Há privilegio melhor do que este? E por isso mesmo, nosso trabalho deve ser pautado na reflexão deste privilégio, primando o exercício da profissão, para manter conservadas em segurança todas as vidas que a nós são confiadas.

Maria Regina Pastor de Oliveira
Administradora da Escola Técnica em Saúde Maria Pastor e Enfermeira da UFBA/MCO

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