segunda-feira, 15 de março de 2010

Meninos de Rua

A dolorosa situação das crianças de rua do nosso Brasil tem chamado atenção do mundo inteiro. Muitas pessoas têm observado, por onde passam a crueldade que praticam com os menos favorecidos pela sociedade. - Como é possível deixar esta população de crianças indefesas, na rua, abandonadas, sem teto e com fome a mercê de aliciadores, predadores sexuais e traficantes?

Esta é a realidade de Salvador, Bahia, do centro da cidade. Crianças de até oito anos, deitadas nos passeios, drogadas, sujas, com fome, no auge do seu crescimento e desenvolvimento físico e mental, sentenciadas a morte prematura. Sentenciadas pela indiferença, sem oportunidade de defesa, julgadas como criminosas a cumprir penas sem reinvidicar os seus direitos, sem ter acessos à apelação.

Não recorrem às sentenças, pois, não sabem como e nem a quem. Não foram instruídas antes de serem condenadas a esta vida sofrida. Não têm defensores. Perdem os prazos naturais para o crescimento, desenvolvimento físico e mental, processos necessárias para se tornarem adultos felizes e produtivos. Cidadãos.

São os sem teto, sem infância, sem juventude, sem carinho, sem orientação, sem escola, sem alimentos. Sem pais, sem país. Sem dignidade. Pena cruel.

São vitimas do sistema, mas a eles cabem as sentenças dos réus.
São vitimas do abandono, dos descasos de tudo e de todos. Sentenciados sem direitos a condicional. Muitas vezes condenados à morte, por algozes perversos: as drogas, a desnutrição e a alienação mental.

O lar é um pedaço de chão em qualquer passeio, onde dormem sob o céu nem muitas vezes receptivo. Se sentem frio pedaços de papelão servem de cobertores.
Quando vem a chuva recebem o sopro forte do descaso constitucional. Vivem na selva urbana mercê dos lobos maus. Não construíram seus abrigos sobre um passeio e debaixo de um papelão, por preguiça, como o porquinho da história dos três porquinhos. O sistema obriga-os a fazê-los assim.

Direitos? Somente no papel, na constituição. No momento o grande solidário destes crimes contra a criança e o adolescente é o crak. Um tarja preta vendido sob a luz do dia em qualquer esquina desta cidade. Entorpecente marginal de última geração, barato que vicia e condena á morte. Entorpecente de amplo consumo,jogado no mercado sem permissão do Ministério da Saúde, da Vigilancia Sanitária,sem o selo da ANVISA. Sem bulas. Substancia perigosa que os fazem roubar, matar e morrer, destruídos no momento em que deveriam aprender a construir o próprio futuro. Paliativo barato, perigoso e assassino para adormecer a dor e o sofrimento destes sem teto, sem escola, sem alimento, sem defensor, sem pais, sem país.
É difícil entender tanta crueldade.

Vendo estes casos e o sofrimento destas crianças no dia a dia, nas ruas, não se imagina que aqueles meninos na praça, não estão ali brincando, como deveriam estar, após um dia de aula. Ali é a sua moradia, seu país. Ali eles pedem esmola, recebem olhares de medo e desprezo.

Alguns ficam em portas de restaurantes em grupos aguardando sobras de comidas para não morrerem de fome. Outros lavam vidros de carros, vendem balas e nas noites dormem no chão, cobrindo-se coma camiseta suja, velha, furada, esticadas entre os joelhos e a cabeça. Sem teto, sem carinho e sem cobertor.

Estatisticamente, 75% destas crianças se estivessem com seu tempo ocupado entre a escola, casa e as recreações, não estariam nas ruas a sofrer. Se tornariam seres felizes, trabalhadores, formariam suas próprias famílias. Não precisariam comer lixo, e sentir fome e frio ou buscarem as drogas.

Onde está a raiz do problema? – Na falta estruturação da família, nas prolongadas ausências dos pais em busca da sobrevivência deixando os filhos sozinhos sem orientações, a deriva, neste mundo duro e cruel. Na falta de profissionalização do cidadão que é obrigado a matar um leão todos os dias para sobreviver.

A solução? – Participação de todos, sensibilidade dos mais favorecidos, escola com bons professores, capacitação profissional, ocupação do tempo das crianças na ausência prolongada dos pais ou quando não estão na escola, escola em horário integral. Creches. Reforço escolar em período inverso ao horário da escola, recreação sadia. Acesso fácil aos meios culturais. Estimulo à leitura.

- Causas? São várias:
Nas migrações do homem do campo para grandes centros urbanos. Falta de uma política eficaz para a educação, habitação e planejamento familiar. Falta de uma política séria com subsídios e estímulos para assegurar a permanência do homem do campo. Falta do olhar para a verdade e as causas que fazem o marginal, o drogado etc. Falta da ajuda de todos.

Vamos começar a fazer alguma coisa de sólido para esta comunidade de crianças e jovens que ainda não estão sob a tutela das drogas.

No segundo semestre de 2010, a escola Técnica em Saúde Maria Pastor implementará um projeto, na escola com as crianças do Gravatá e Independência, no bairro de Nazaré para oferecer gratuitamente reforços escolares gratuito. Desejamos contar com a colaboração de ONG's e voluntários. Participem!


Regina Pastor
Enfermeira e Administradora da Escola Técnica em Saúde Maria Pastor

Um comentário :

  1. Uma empresa socialmente respopnsável é uma empresa que cuida de seus clientes, de sua cidade, de seu país, pois dando oportunidade a jovens de rua, sem perspectiva de vida, é melhorar a qualidade de vida em sociedade, significa menos violência, menos drogas, menos marginalização, todos nós colhemos este fruto, se cada empresa fizesse uma parte, nossa realidade poderia ser outra, ser bem melhor!
    Não é à toa que esta escola tem tanta credibilidade, parabéns!!!!

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