terça-feira, 5 de abril de 2011

A responsabilidade do cuidado de uma vida

O processo do trabalho em enfermagem requer bem mais do que uma relação de competências e atividades.

À medida que vem surgindo novas práxis no assistir direcionamos nossos olhares para  o emergente cenário profissional  e nos adaptarmos  as novas tecnologias e modelos de atenção voltadas  segurança do paciente e da comunidade.

Para isto é necessário que o profissional, tenha melhor qualidade de vida e melhores condições de trabalho e busque desenvolver suas habilidades com segurança e satisfação.

Uma mente e um corpo cansados, pela exploração abusiva do trabalho, ou pela necessidade de sobreviver com dois ou mais empregos, podem nos induzir ao erro. E erros, na área da saúde na maioria das vezes, não podem ser consertados ou desculpados.

Ao executarmos nossas competências no assistir, ao cuidarmos, identificamos os riscos que podem ocasionar seqüelas ou mortes nos pacientes potencialmente vulneráveis: crianças, idosos e inconscientes, que por motivos óbvios não podem informar o que estão sentindo: “está queimando, está doendo, não estou me sentindo bem”...

Por exemplo, na sala de procedimentos cirúrgicos, com o paciente sob anestesia geral, o uso do cautério deve ser rigorosamente monitorado principalmente quando a placa neutra for externa.

A provisão e a conservação de equipamentos em condições de uso, para qualquer procedimento hospitalar, sob a guarda da enfermagem é da nossa competência. E devemos solicitar e encaminhar ou se recusar a usar equipamentos com funcionamento ineficiente, que possam pôr em risco a segurança do paciente. Não deveremos aceitar “jeitinhos” para não compactuarmos com injustiças e erros ou práticas inadequadas.

Somos responsáveis em mantê-los dentro dos padrões recomendado pelo protocolo operacional padronizado. Os setores da enfermagem devem ter o seu POP e o serviço de manutenção do hospital também, para prevenções, consertos, descartes e entregas de todo equipamento hospitalar. Cabe a enfermagem saber como cada equipamento funciona e usa-los criteriosamente. São nossos instrumentos de trabalho e devem ser muito bem conservados e mantidos sempre aptos para uso. Usá-lo somente na certeza da sua disponibilidade eficaz, garantido pela engenharia clinica do hospital ou serviço de manutenção.

Equipamentos elétricos, macas, mesas cirúrgicas, monitores, desfibriladores, bombas e fusões, com defeitos devem ser excluídos de uso.

Bisturis elétricos ao longo do tempo têm causado graves queimaduras durante o ato operatório. Durante algum procedimento, se a placa neutra for externa, pode se desconectar nas partes proximais e distais do equipamento. A falta segura desta adaptação permite que a energia elétrica passe para o corpo do paciente causando graves lesões, queimaduras de até terceiro grau.

Então devemos estar sempre alertas para identificar a possibilidade de acontecer desprendimento da conexão desta placa.

Autoclaves sem manutenção ou com defeito é um potente instrumento para a transmissão da infecção hospitalar, mesas de partos com bandejas quebradas, podem ocasionar um grave acidente ao neonato, ao nascer derrubando-o ao chão. Macas danificadas, não devem ser usadas após ser submetida a um “jeitinho”. Devem ser consertadas ou desprezadas. 

Os autoclaves novos, ou após passar por consertos, devem ser submetidos à esterilização teste, com agentes biológicos, para avaliação de sua eficácia.

Não só a enfermagem, mais toda a equipe é responsável pela segurança do paciente. A enfermagem com a grande parte que lhe compete.

Ultimamente, os casos graves relatados pela imprensa têm deixado em alerta a necessidade de revisarmos o que aprendemos, com o novo movimento tecnológico, que apesar de mais prático e sua grande versatilidade e desempenho em uso, podem falhar.

Falhas administrativas, logísticas, de fornecedores, do sistema público na política do menor preço, nas demoras das licitações, o déficit dos recursos humanos, versos quantidades de pacientes, o estar sempre em vigília por vinte e quatro, trinta e seis, ou quarenta e duas horas, demanda um grande cansaço físico e mental e déficit na atenção.

As péssimas condições de trabalho, muitas vezes sem um mínimo de dignidade, com a falta de um armário, para guardar nossos pertences. Bem como corredores ocupados com pacientes sofrendo em macas, a mercê de quem possa atendê-los devido à insuficiência de recursos humanos. Higiene pessoal realizadas sem privacidade. Faltam roupas, como lençóis, vestuários para cobri-los respeitando as suas privacidades e protegendo-os do frio.

Tudo isto, tem servido de pedra de tropeço para que alguns profissionais, cansados, que no limite das suas capacidades físicas e mentais, cometem graves erros e falhas pondo em riscos vidas e seja exposta a execração popular.

Fiquemos em alerta para que não sejamos induzidas ao erro, pois quem cuida ama. É isto que fazemos cuidamos de vidas. E toda vida é um dom de Deus. Há privilegio melhor do que este? E por isso mesmo, nosso trabalho deve ser pautado na reflexão deste privilégio, primando o exercício da profissão, para manter conservadas em segurança todas as vidas que a nós são confiadas.

Maria Regina Pastor de Oliveira 
Enfermeira da Escola Técnica em Saúde Maria Pastor e UFBA

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