O Desafio de Construir um caminho
para alcançar metas e a reorientação nas práticas profissionais dentro de um
mundo tão desestruturado que jaz no poder de forças “ocultas” tornam difícil a
vida humana: dificuldades para sobreviver dignamente, frustrações, tristezas,
impotências, falta de esperança, desemprego, falta de oportunidade para uma
formação profissional, descriminações das minorias.
Chegamos a um momento crítico em
que muitos se perguntam: Por que? Como isto está acontecendo?
Culpamos a juventude atual, que
em outros tempos era considerada “o futuro do país” por tantas delinquências. Fiz
parte desta esperança do futuro do país. Busquei através de muita disciplina, traçando metas
enquanto cursava o primário. Iria fazer
uma faculdade. Não foi fácil alcançar esta meta. Foi muito, muito difícil. Mas,
as dificuldades eram somente financeiras. Sendo eu do interior da Bahia, tive
de procurar empregos para me alimentar, pagar pensionato, transporte e faculdade.
Penei por falta de recursos financeiros. Contudo, não por falta de
oportunidades. Estudei em boas escolas públicas. Consegui ser contratada
enquanto universitária em três empregos. Outros tempos. Estava no início da
faculdade, no primeiro semestre. Aprendia nos trabalhos técnicas manuais sem
ter o conhecimento cientifico, o que fui aprendendo nas aulas da faculdade.
O primeiro através do projeto
Rondon, um projeto do governo federal que oportunizava aos estudantes
universitários daquela época a trabalharem em período inverso aos seus estudos.
Outros dois em hospitais diferentes, onde dava plantões noturnos com “bolsa de
trabalho”. Uma noite em um hospital, outra noite em outro. Descansava 2 horas
durante um plantão. Era uma forma de estágio remunerado. Dormia em casa três
noites por semana. Agradecia a Deus. Privava-me do sono, mas, tive oportunidade
de me manter estudando e pagar minha faculdade, que era a Católica. Recebia um
salário mínimo em cada um. Cursar a Federal nem por sonho, pois as aulas
naquela época eram o dia todo. Como trabalhar? Tinha em minha mente que isto
não duraria por muito tempo. Não durou. No quarto semestre consegui um emprego
de meio período com salário que cobria as minhas despesas. Para economizar,
andei muito a pé longas distancias. Estou viva e não me arrependo.
Cursar uma faculdade nos anos
setenta, era um sonho que muitos jovens almejavam e alcançavam. Emprego,
ascensão profissional, social e financeira garantida.
Em paralelo com a época atual, há
falta de boas escolas públicas, em que os jovens possam ter o direito de
competir com os bem preparados, fato que acaba os excluindo das faculdades
públicas, privando-os do direito da isonomia.
Não precisamos de mais presídios,
precisamos de uma boa educação, de creches, de escolas que funcionem o dia todo
e os mantenham ocupados estudando, praticando esportes. Boas bibliotecas, bons
professores estimulados, tanto na sua formação humana pedagógica como
financeiramente. Desengessar as unidades temáticas da matriz curricular. Acabar
com a mesmice adaptando a educação para as necessidades de um mundo
globalizado.
O que leva o jovem a delinquir,
na sua maioria, é a falta de uma boa educação, a ausência dos pais que por
necessidades existenciais tem que deixar seus filhos sozinhos sem supervisões.
Vão em busca do pão de cada dia para o sustento da família. A certeza de que
seus filhos estejam se preparando para a vida com a colaboração do estado não
existe mais. As greves dos professores não existiriam ou seriam limitadas se
estes valiosos profissionais por onde tudo começa e termina na formação de um
cidadão laborativo de um país fossem valorizados.
Muitos jovens fora das escolas,
desmotivados, desestimulados, com tempo livre, desocupados são aliciados por
marginais para os mais diversos tipos de crimes. Não precisamos de mais
presídios. Precisamos de educação de qualidade. De estímulos e oportunidades
para uma juventude sem rumo. Nunca desista, dificuldades existem, mas são
passageiras.
Regina Pastor
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